quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Dona Ilga - Sorvetes e Injustiças

Oláááá mundo!
Esse post começa com revolta e mentiras. Por quê? Bom, deixa eu explicar.

Nós amamos a casa da nossa avó paterna. A Dona Nilva é a velhinha mais querida e encolhida que qualquer um pode achar, ainda mais em Sobradinho. Faz uma massa excelente, mesmo sendo só metade italiana
J. Nós vamos lá para as terras da família do meu pai durante o ano todo, principalmente no inverno, para visitá-los. E, nestes 24(para mim) – 30 anos nós nunca ouvimos falar de uma sorveteria próxima à casa da nossa avó, que fica no Segredo (sim, esse é o nome do lugar, muito fofo!).

Isso mesmo, nós vivemos a nossa vida inteira do lado dessa mina de ouro sem saber!
Um primo do meu pai que sem querer soltou que vinha da sorveteria da rodoviária, quando passou para dar um oi para a minha avó, e nós começamos o inquérito. E descobrimos muitas coisas legais!

Essa sorveteria era a sensação da cidadezinha no tempo de criança do meu pai. Ir na missa era a desculpa para passar lá e comer uma casquinha do melhor sorvete de banana que vocês podem imaginar. Era tão popular, que chegava a ter fila! (isso numa área de +- 2 mil habitantes é MUITO).
Existe uma sorveteria com mais de 60 anos, artesanal e livre de conservantes praticamente DO LADO da casa da nossa avó – e, veja bem, ninguém nunca falou sobre ela!

A dona do lugar, a Dona Ilga, aprendeu com um Turco como fazer sorvete em uma máquina refrigeradora especial, logo se tornando popular. Nos 30 anos da sorveteria, os negócios acabaram não indo tão bem e eles fecharam por um tempo. MASSS, o filho dela resolveu assumir o negócio da família e continuar a tradição com os sorvetes, dentro da rodoviária do Segredo! E cá estamos nós, falando com a nora da Dona Ilga, que nos contou esta história enquanto fazia dois potes de sorvete fresquinhos para trazermos para Porto Alegre (abacaxi, morango, uva e banana – todos com pedaços de fruta junto!).

Vale falar que a dona Ilga é amiga da minha avó e tem 90+ anos :)



Modelo favorito posando junto com a máquina de sorvete :)

Mágico!




OBS: e assim eu acabo meu primeiro post publicado aqui! Agora meu irmão pode parar de mandar indiretas, hehehe!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Tartiflete estréia categoria de Culinariaterapia do blog

O dia é quinta-feira, 11 de Fevereiro, penúltimo dia antes de sair de férias (após 2 anos e meio sem férias). Nesta noite vamos receber a visita da Rob para passar a noite conosco. Ao chegar em casa, encontro ela e a Ti e ficamos na nossa indecisão usual sobre o que será a janta e onde vamos ir. Depois de sermos firmes na decisão de não irmos assistir à estréia do Deadpool nos cinemas, resolvemos ficar em casa e fazer um Tartiflete (pois a Rob ainda não provou nossa versão deste prato). Ah, e neste caso o cozinheiro serei eu. Eu ainda tenho uma reunião por skype entre 18h e 19h. Então as meninas vão buscar a Mine na escolinha e na volta passar no mercado pegar os ingredientes da Tartiflete.

É a segunda vez que farei esta receita: na primeira, em Dezembro do ano passado, ficou tri boa e tentei ao máximo seguir à risca os ingredientes. Como faço com outras receitas, a partir da segunda vez que cozinho uma receita, começo a não segui-la 100%. Neste caso, levei isto ao pé da letra: nem procurei a receita para revê-la antes de fazer. Apenas fiz pelo que eu lembrava que tinha sido na primeira vez. Aqui abaixo coloco o video com a receita do canal que acompanhamos de culinária francesa: CuisineAaZ.


Olhando o video agora chego a pensar que nem dá para considerar o que cozinhei como sendo a mesma receita. Fiz no improviso e mudei vários ingredientes. Vou agora descrever a minha versão da receita que viram no video acima e comparar com os ingredientes da receita original.

Meus Ingredientes Ingredientes Originais
  • 1Kg de batata inglesa
  • 1Kg de batata inglesa
  • duas cebolas (picados em rodelas finas)
  • uma cebola (picada em rodelas finas)
  • dois dentes de alho (picados bem finamente)


  • 150g de bacon (picados em cubos pequenos
  • 150g de bacon (picados em cubos pequenos
  • 100ml de licor de pêssego
  • 100ml de vinho branco
  • pimenta, sal e noz moscada
  • pimenta, sal e noz moscada
  • 1 pote de requeijão
    e
    queijo ralado
  • um queijo reblochon (similar ao nosso colonial aqui no Brasil) inteirinho (sim, inteirinho!)

Explicação sobre as duas diferenças gritantes:

Licor de pêssego ao invés de vinho branco. Explicação óbvia: eu não tinha vinho branco em casa (não gosto de vinho branco e por isto nunca compro, mas vez que outra me aparece uma receita que usa vinho branco). Então no lugar do vinho branco procurei alguma outra bebida alcóolica 'clara'. O mais próximo disto que encontrei em casa foi o tal licor de pêssego, por isto o escolhi.
Pote de requeijão e queijo ralado no lugar de um queijo reblochon. Quase óbvio também. Quando assisti à receita pela primeira vez, não acreditei quando vi um queijo colonial INTEIRO sendo colocado por cima do bacon com cebolas. Achei um atentado contra os queijos: usá-lo na preparação de um único prato. O queijo, quando nasce, sonha em fazer parte de vários momentos culinários e participar de várias receitas ao longo de sua vida. Ele não merece ter sua existência reduzida a uma única receita, consumido inteiramente durante uma janta. Imediatamente substitui o tal queijo inteiro por um requeijão e queijo ralado.

Modo de Preparo:

a) Lave bem as batatas e coloque-as para cozinhar.
b) Enquanto isto, coloque o bacon em uma panela e leve ao fogo. Deixe soltar sua gordura natural e fritar um pouco.
c) Misture a cebola com o bacon e deixe-a fritar na gordura do bacon por alguns minutos (mas sem queimar).
d) Adicione o licor de pêssego e o alho. Coloque sal e pimenta à gosto e misture bem. Vá adicionando água quente quando perceber que os ingredientes vão queimar. Isto deve durar uns 5min. Desligue e reserve.
e) Neste ponto, as batatas devem estar cozidas. Desligue a panela e retire-as.
f) Corte as batatas, com casca mesmo (segundo a Rob, se não tirarmos a casca podemos dizer que era uma Tartiflete com batatas rústicas :-)), em rodelas das espessura de seu dedo mínimo.
g) Ao terminar de cortá-las, pegue um prato de lasagna e cubra-o com uma camada de rodelas de batata.
h) Coloque pimenta e sal sobre a camada de batata e faça outra camada. Faça camadas até terminar as batatas, sempre colocando sal e pimenta entre as camadas.
I) Na última camada, cubra-a com noz moscada ralada. Depois disto coloque o pote de requeijão e espalhe sobre as batatas. Então coloque o bacon e as cebolas sobre o prato e espalhe bem.
j) Por fim, espalhe queijo ralado sobre o prato e coloque no forno. Deixe cerca de 30min na temperatura de 180 graus para dourar e fazer o requeijão penetrar nas batatas.
k) Retire do forno e sirva.



Bem, esta brincadeira toda levou em torno de 35min para preparar e mais 30min no forno. Neste meio tempo o Felipe ligou e convidamos para vir jantar junto. Seríamos 5 agora. Bom é que tinha Tartiflete suficiente para todos. Já que o forno estava ligado, aproveitei para fazer minha receita de bolo salgado de bacon e cebola. (outro dia falo desta receita). Quando estava terminando de preparar o bolo (o Tartiflete quase pronto), percebo certa apreensão no pessoal que está na sala (Mine, Rob e Lipe). Alguns segundos e passa a Rob correndo por mim na cozinha para pegar um pano para limpar a sujeira de vômito da Mine: aparentemente se chacoalharam demais durante umas folias na sala e a guria não aguentou e botou pra for a. Estragos a parte, ficou pronta a Tartiflete bem no meio deste mini-caos. Apesar disto, o 'perfume' do prato ficou mais presente que o perfume do vômito (ainda bem, né?). Servimos a mesa e chamamos todos pro sacrifício. Dêem uma olhada:



Agora para saber o que as cobaias acharam, teremos de aguardar pelos comentários aqui desta postagem, pois minha humildade extrema me impede de emitir qualquer tipo de opinião sobre esta receita.

PS: impressão minha ou até agora só estou ouvindo minha voz aqui neste blog? Parece que idéia era ter postagens de outra pessoa aqui tambeḿ... mas não tenho certeza

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Livro "Plata quemada" de Ricardo Piglia

Violência, (muitas) drogas e homosexualidade: tudo de uma história verídica!

(Persistente leitor, saiba que este post contem spoilers sobre a história)

Como o livro chegou na minha estante

Antes de comentar sobre o livro e sua história, vale a pena dizer como cheguei até este livro. Bem, há alguns anos estou tentando aprender Espanhol. Após cursar dois semestres no ACELE, comecei a me aventurar em leituras na lingua espanhola. Após retornar do exílio de um ano e meio em Passo Fundo, na Feira do Livro de 2015 em Porto Alegre, entrei em uma das bancas de livros em Espanhol, na área internacional, para procurar algum livro para ler e tentar melhorar meu Espanhol. Fiquei uns 15 minutos procurando sem saber o que procurar. Quando estava por desistir o livreiro, que com certeza não era brasileiro pois tinha sotaque espanhol, perguntou o que eu estava procurando. Respondi que queria algum livro de investigação ou suspense para ler. E ele veio com este "Plata Quemada". Li a contracapa e decidi que seria uma boa cobaia para meu retorno às leituras castelhanas.

O conteúdo: história verídica e personagens muito, muito malucos

A história é envolvente, com certeza: planejamento, execução e fuga de um assalto a banco em Buenos Aires, na década de 1960. No início, enquanto ainda estão sendo apresentados os personagens, já é possível empatizar (ou no mínimo ficar intrigado) com o Gaucho Dorda e o Nene Brignone. Eles são uma dupla de desordeiros, assaltantes, assassinos, etc... com uma relação próxima ao homosexualismo, mas que traduzida para a violência da sua realidade significa proteção contra polícia ou qualquer outro tipo de ameaça. Dorda fala pouco, apresentando um certo nível de problemas mentais (mais explicados e explorados adiante no livro) e Brignone serve como tradutor e interprete do Dorda para os demais personagens da trama.
Logo depois é apresentado o Cuervo Mereles, motorista do assalto, que tem uma noiva/namorada morando com ele no esconderijo usado pela gangue para os preparativos para o assalto. Esta namorada é quem o autor do livro (Ricardo Piglia) conhece em uma viagem de trem na vida real e, com base nesta conversa, decide pesquisar o assunto e escrever o livro. Fechando a lista dos personagens principais do assalto, temos Malito. Ele é o real mentor e planejador de todo o assalto. É ele quem monta a equipe, define os detalhes, mantém o foco no trabalho. É ele também quem prepara a estratégia de fuga para o Uruguai e tudo o mais. 
Planejado e executado o assalto, deixaram um rastro de sangue em Buenos Aires. Vários policiais e civis mortos. E mortes a sangue frio, violentas e muitas vezes desnecessárias. Vale ressaltar que nossos queridos assaltantes/assassinos estão quase sempre (ou sempre) sob efeito da cocaína (e outras drogas). Neste ponto nos é apresentado o Comissário Silva, figura quase caricata: competente, ultra-focado em sua profissão, mas com vida pessoal inexistente (divorciado, com filho que não tem qualquer contato), e muito irritado com a imprensa em geral. Pareceu uma especie de Comissário Gordon, do Batman. Ele fica como responsável por caçar e prender os assaltantes. E inicia sua busca entre desordeiros conhecidos, pressionando e torturando para obter informações sobre os assaltantes. Quando consegue algo mais palpável, os assaltantes já estão no Uruguai. Lá chegando, acabam se separando de Malito. Vivem uma certa tranquilidade, até fazerem uma troca de placa de um automovel, colocando uma placa falsa. Neste ponto são avistados e denunciados a policia por uma vizinha. Chegando a polícia, começa outro banho de sangue. E neste ponto o Comissário Silva vai ao Uruguai para contribuir com os esforços de cerco aos bandidos.
Acabam alugando um apartamento e sendo denunciados a polícia, que faz o cerco do prédio para evitar que fujam. Aqui começa a parte mais emocionante do livro, pois há mais de 300 policiais fazendo o certo ao prédio, com somente  3 pessoas dentro: Mereles, Brignone e Dorda. Mas estes 3 malucos resistem por quase 2 dias ao cerco. Obviamente estão pesadamente armados e com muita droga. Apenas assim conseguem aguentar tanto tempo. A polícia vai pouco a pouco encurralando-os, sendo que os lances finais do cerco ocorrem após a polícia abrir um buraco no chão do apartamento superior ao que estão presos para poder lançar bombas para o apartamento deles. Ao término do cerco apenas Dorda sobrevive: Mereles e Brignone são mortos durante os tiroteios. Dorda é levado preso e tem as sessões de análise com um médico no presídio. Fica-se sabendo que em um motim no tal presídio ele é assassinado (possivelmente por um policial disfarçado). E de Malito não se tem mais notícias desde o momento em que os delinquentes são abordados ao trocarem a placa do carro por uma falsa. Supõe-se que ele tenha voltado a Buenos Aires e por lá vivido muitos anos. Mas de certo é que não estava no cerco no apartamento de nossos assassinos.

A forma: prolepse (flashforward) e analepse (flashback)

Eu diria que por volta de um quarto do livro é dedicado na apresentação incial dos personagens e na preparação e execução do assalto. E graças ao uso que o autor fez da figura de linguagem prolepse, conhecida também como flashforward (ou seja, visão ou descrição de cenas/ações do futuro), sabemos já no início do livro que os assaltantes são presos (pelo menos são feitas constantes referências de consultas e sessões de análise do Dorda com um médica da cadeia). 
Embora tire a surpresa de como será o final do livro, esta forma de escrever deixa outras dúvidas e questões, tal como saber onde e como ocorrerão estas prisões e quem realmente será preso.
E assim como temos flashes do futuro, há também flashes do passado (analepse), que o autor usa para aprofundar a história dos cinco personagens principais da trama. No caso específico de Dorda e Brignone, é contado como eles se conheceram e porque passaram a ter esta relação de proximidade.

Mais detalhes: surpresas mesmo após terminar a leitura

Já havia lido o livro e para fazer esta postagem fui pesquisar uma imagem de capa para colocar no post. Enquanto estou fazendo isto me deparo com o trailer do filme, feito em 2000. Acabei de assistir o trailer (Vejam também aqui). Fiquei com vontade de ver o filme. Caso eu o veja, aguardem por uma postagem comparando os dois.


Recorrência

Há várias boas práticas aconselhadas para manter-se um blog. Dentre elas encontra-se a "recorrência", que defende que a frequência nas postagens pode fazer com que seus insistentes e corajosos leitores acostumem-se com a tal recorrência (uma vez por dia, por semana, por mês, etc) e até aguardem ansiosamente pelo esperado momento da próxima postagem. Acho que a parte do 'aguardem ansiosamente' ficou um pouco exagerada para um blog: é bem mais comum para uma série de TV (tipo X-Files - o qual merecerá uma postagem futura). Mas quem sabe entre os 3 ou 4 leitores que temos, tenha um que esteja esperando pela próxima postagem?

Especialmente para você, ansioso leitor, que está aguardando pela próxima postagem, estamos fazendo esta segunda postagem uma semana após a primeira. Nossa recorrência 'teórica' planejada para o blog é de uma postagem por irmão por semana: total de duas postagens por semana. Entretanto, na primeira semana já quebramos esta recorrência teórica: um dos irmãos (na verdade, a irmã), não postou nada. E isto que ela diz já ter a primeira postagem pronta. Será que está pronta mesmo? Deixemos este assunto de lado e vamos falar sobre o verdadeiro tópico de hoje, que não era para ser sobre boas práticas ou recorrência.