Violência, (muitas) drogas e homosexualidade: tudo de uma história verídica!
(Persistente leitor, saiba que este post contem spoilers sobre a história)
Como o livro chegou na minha estante
Antes de comentar sobre o livro e sua história, vale a pena dizer como cheguei até este livro. Bem, há alguns anos estou tentando aprender Espanhol. Após cursar dois semestres no ACELE, comecei a me aventurar em leituras na lingua espanhola. Após retornar do exílio de um ano e meio em Passo Fundo, na Feira do Livro de 2015 em Porto Alegre, entrei em uma das bancas de livros em Espanhol, na área internacional, para procurar algum livro para ler e tentar melhorar meu Espanhol. Fiquei uns 15 minutos procurando sem saber o que procurar. Quando estava por desistir o livreiro, que com certeza não era brasileiro pois tinha sotaque espanhol, perguntou o que eu estava procurando. Respondi que queria algum livro de investigação ou suspense para ler. E ele veio com este "Plata Quemada". Li a contracapa e decidi que seria uma boa cobaia para meu retorno às leituras castelhanas.
O conteúdo: história verídica e personagens muito, muito malucos
A história é envolvente, com certeza: planejamento, execução e fuga de um assalto a banco em Buenos Aires, na década de 1960. No início, enquanto ainda estão sendo apresentados os personagens, já é possível empatizar (ou no mínimo ficar intrigado) com o Gaucho Dorda e o Nene Brignone. Eles são uma dupla de desordeiros, assaltantes, assassinos, etc... com uma relação próxima ao homosexualismo, mas que traduzida para a violência da sua realidade significa proteção contra polícia ou qualquer outro tipo de ameaça. Dorda fala pouco, apresentando um certo nível de problemas mentais (mais explicados e explorados adiante no livro) e Brignone serve como tradutor e interprete do Dorda para os demais personagens da trama.
Logo depois é apresentado o Cuervo Mereles, motorista do assalto, que tem uma noiva/namorada morando com ele no esconderijo usado pela gangue para os preparativos para o assalto. Esta namorada é quem o autor do livro (Ricardo Piglia) conhece em uma viagem de trem na vida real e, com base nesta conversa, decide pesquisar o assunto e escrever o livro. Fechando a lista dos personagens principais do assalto, temos Malito. Ele é o real mentor e planejador de todo o assalto. É ele quem monta a equipe, define os detalhes, mantém o foco no trabalho. É ele também quem prepara a estratégia de fuga para o Uruguai e tudo o mais.
Planejado e executado o assalto, deixaram um rastro de sangue em Buenos Aires. Vários policiais e civis mortos. E mortes a sangue frio, violentas e muitas vezes desnecessárias. Vale ressaltar que nossos queridos assaltantes/assassinos estão quase sempre (ou sempre) sob efeito da cocaína (e outras drogas). Neste ponto nos é apresentado o Comissário Silva, figura quase caricata: competente, ultra-focado em sua profissão, mas com vida pessoal inexistente (divorciado, com filho que não tem qualquer contato), e muito irritado com a imprensa em geral. Pareceu uma especie de Comissário Gordon, do Batman. Ele fica como responsável por caçar e prender os assaltantes. E inicia sua busca entre desordeiros conhecidos, pressionando e torturando para obter informações sobre os assaltantes. Quando consegue algo mais palpável, os assaltantes já estão no Uruguai. Lá chegando, acabam se separando de Malito. Vivem uma certa tranquilidade, até fazerem uma troca de placa de um automovel, colocando uma placa falsa. Neste ponto são avistados e denunciados a policia por uma vizinha. Chegando a polícia, começa outro banho de sangue. E neste ponto o Comissário Silva vai ao Uruguai para contribuir com os esforços de cerco aos bandidos.
Acabam alugando um apartamento e sendo denunciados a polícia, que faz o cerco do prédio para evitar que fujam. Aqui começa a parte mais emocionante do livro, pois há mais de 300 policiais fazendo o certo ao prédio, com somente 3 pessoas dentro: Mereles, Brignone e Dorda. Mas estes 3 malucos resistem por quase 2 dias ao cerco. Obviamente estão pesadamente armados e com muita droga. Apenas assim conseguem aguentar tanto tempo. A polícia vai pouco a pouco encurralando-os, sendo que os lances finais do cerco ocorrem após a polícia abrir um buraco no chão do apartamento superior ao que estão presos para poder lançar bombas para o apartamento deles. Ao término do cerco apenas Dorda sobrevive: Mereles e Brignone são mortos durante os tiroteios. Dorda é levado preso e tem as sessões de análise com um médico no presídio. Fica-se sabendo que em um motim no tal presídio ele é assassinado (possivelmente por um policial disfarçado). E de Malito não se tem mais notícias desde o momento em que os delinquentes são abordados ao trocarem a placa do carro por uma falsa. Supõe-se que ele tenha voltado a Buenos Aires e por lá vivido muitos anos. Mas de certo é que não estava no cerco no apartamento de nossos assassinos.
Acabam alugando um apartamento e sendo denunciados a polícia, que faz o cerco do prédio para evitar que fujam. Aqui começa a parte mais emocionante do livro, pois há mais de 300 policiais fazendo o certo ao prédio, com somente 3 pessoas dentro: Mereles, Brignone e Dorda. Mas estes 3 malucos resistem por quase 2 dias ao cerco. Obviamente estão pesadamente armados e com muita droga. Apenas assim conseguem aguentar tanto tempo. A polícia vai pouco a pouco encurralando-os, sendo que os lances finais do cerco ocorrem após a polícia abrir um buraco no chão do apartamento superior ao que estão presos para poder lançar bombas para o apartamento deles. Ao término do cerco apenas Dorda sobrevive: Mereles e Brignone são mortos durante os tiroteios. Dorda é levado preso e tem as sessões de análise com um médico no presídio. Fica-se sabendo que em um motim no tal presídio ele é assassinado (possivelmente por um policial disfarçado). E de Malito não se tem mais notícias desde o momento em que os delinquentes são abordados ao trocarem a placa do carro por uma falsa. Supõe-se que ele tenha voltado a Buenos Aires e por lá vivido muitos anos. Mas de certo é que não estava no cerco no apartamento de nossos assassinos.
A forma: prolepse (flashforward) e analepse (flashback)
Eu diria que por volta de um quarto do livro é dedicado na apresentação incial dos personagens e na preparação e execução do assalto. E graças ao uso que o autor fez da figura de linguagem prolepse, conhecida também como flashforward (ou seja, visão ou descrição de cenas/ações do futuro), sabemos já no início do livro que os assaltantes são presos (pelo menos são feitas constantes referências de consultas e sessões de análise do Dorda com um médica da cadeia).Embora tire a surpresa de como será o final do livro, esta forma de escrever deixa outras dúvidas e questões, tal como saber onde e como ocorrerão estas prisões e quem realmente será preso.
E assim como temos flashes do futuro, há também flashes do passado (analepse), que o autor usa para aprofundar a história dos cinco personagens principais da trama. No caso específico de Dorda e Brignone, é contado como eles se conheceram e porque passaram a ter esta relação de proximidade.
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